Reforma Tributária

IVA: entenda o que muda e os impactos do novo imposto

Em um ambiente de escritório, homem jovem, vestindo um suéter cinza claro e com óculos de armação preta, analisando dados em um compilado de papéis que segura nas mãos. À sua frente, um notebook

O IVA (Imposto sobre Valor Agregado) representa uma das mudanças mais significativas da reforma tributária brasileira, pois esse modelo de tributação vai unificar e, consequentemente, substituir os principais modelos tributários direcionados à venda de bens e serviços no Brasil.  

Neste artigo, você verá qual o seu objetivo, os impactos, como ele será calculado e quais impostos serão absorvidos. 

Índice – Neste artigo, você confere: 

O que significa a sigla IVA? 

IVA é a sigla para Imposto sobre Valor Agregado. No Brasil, o novo modelo propõe a criação de um tributo unificado destinado a simplificar e modernizar a tributação sobre o consumo. Na prática, esse imposto incide apenas sobre o valor que cada etapa da cadeia produtiva acrescenta ao produto ou serviço. 

Por ser não cumulativo, ele permite o aproveitamento de créditos tributários, evitando cobranças sobre valores já tributados anteriormente. 

Além disso, o imposto irá eliminar distorções comuns no sistema atual, como a chamada tributação em cascata, quando o imposto é cobrado repetidamente ao longo do processo de produção e distribuição. 

Portanto, o resultado esperado é um sistema mais transparente, eficiente e coerente com as melhores práticas internacionais. 

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O que é IVA dual e qual a diferença para o IVA? 

O significado do IVA tradicional, adotado em 170 países, consiste em um tributo único, centralizado, com pouca ou nenhuma divisão entre níveis de governo. 

Por outro lado, o IVA dual, modelo brasileiro, é dividido em dois componentes distintos: 

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): possui competência da União e substitui PIS e Cofins, além de zerar o IPI, exceto para produtos produzidos em regimes tributários favorecidos, como a Zona Franca de Manaus. 
  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): possui competência compartilhada entre um comitê gestor com representantes dos estados e municípios e vai substituir o ICMS e ISS. 

Essa estrutura dual permite manter a autonomia dos entes federativos e, ao mesmo tempo, garante simplificação, transparência e previsibilidade na arrecadação. 

Além disso, o IVA dual inova com a criação do IS (Imposto Seletivo), de natureza federal, para desestimular o consumo de certos produtos como bebidas açucaradas ou itens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. 

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O que muda com o IVA? 

A adoção do Imposto sobre Valor Agregado traz mudanças profundas em relação ao sistema atual, como: 

  • Alíquota padrão: um único percentual será aplicado na comercialização de bens e serviços. 
  • Fim da tributação cumulativa: cada etapa da cadeia paga apenas sobre o valor que agrega. 
  • Transparência e previsibilidade: o cálculo torna-se mais racional, reduzindo a carga administrativa. Hoje, as empresas gastam muito tempo com apurações complexas e, com o IVA, esse esforço será reduzido. 
  • Uniformização: o imposto unificado facilita a legislação e a administração tributária em todo o país. 
  • Carga tributária mantida: a alíquota proposta reflete a neutralidade fiscal, cobrindo o mesmo total que os cinco tributos substituídos, sem aumento ou redução geral. 

Quais os impostos englobarão o IVA? 

O IVA do Brasil unifica cinco tributos atualmente vigentes, como PIS, Cofins e IPI (federais), que passam para a CBS. Dessa forma, o ICMS (estadual) e o ISS (municipal) entram no IBS.

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Qual será a alíquota do IVA no Brasil? 

A alíquota do IVA no Brasil ainda não está oficialmente definida, mas as projeções indicam que ficará em torno de 25% a 28%, segundo estimativas do governo e de institutos como o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). 

Como calcular o IVA?

O cálculo do IVA é direto e facilita a transparência dos resultados. A lógica principal é a de que cada empresa na cadeia produtiva paga imposto apenas sobre o valor que efetivamente adicionou ao produto ou serviço. 

Exemplo de cálculo do IVA: 

Imagine que o consumidor final comprou um tênis pelo valor de R$100,00. Levando em consideração o valor de 28%, o cliente pagou R$28,00 de imposto do calçado. 

Agora, vamos dividir este valor de imposto entre os processos envolvidos na confecção e distribuição do tênis. 

  • O fabricante de calçados tem o preço de venda de R$50,00, pagando R$14,00 da alíquota de 28% do IVA. 
  • O atacadista, que vende o tênis por R$75,00, acresce R$25,00 e paga o IVA referente a esse acréscimo. Sendo assim, o atacadista paga R$7,00. 
  • O varejista, por sua vez, vende o tênis ao cliente final pelo valor de R$100,00, acrescendo mais R$25,00 e pagando os R$7,00 referente ao acréscimo feito em seu processo de distribuição. 

Dessa forma, a somatória dos processos (fabricante, atacadista e varejista) resulta em R$28,00 de tributo que o consumidor final paga.

Quando o IVA começa a valer? 

O cronograma de implementação prevê um período de transição entre 2026 e 2033. Assim, teremos o início da fase de teste já em 2026, com uma experimentação CBS e do IBS por meio de alíquotas simbólicas de 0,9% para o CBS e 0,1% para o IBS. 

Em 2027, o CBS entra em vigor de forma efetiva, com cobrança real do imposto e extinção do PIS, PIS-Importação, COFINS, COFINS-Importação. 

Por outro lado, o IBS seguirá em fase gradual de implantação até 2033, quando todos os tributos substituídos serão eliminados. Portanto, o ICMS (estadual) e o ISS (municipal) continuam vigentes em paralelo, devendo ser retirados progressivamente entre 2029 até 2032. 

O governo deve implementar o Imposto Seletivo (IS) em 2027, substituindo parcialmente o IPI. A alíquota zero do IPI continuará valendo apenas para produtos industrializados na Zona Franca de Manaus.

Em 2028, seguiremos com as mudanças, análise e implementação da Reforma Tributária. O CBS deve ter uma alíquota federal estimada em 8,7% e o IBS ainda terá a alíquota simbólica de 0,1% até 2033, quando está previsto que o do tipo dual esteja completamente implementado, consolidando a migração definitiva para esse modelo de tributação. 

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Como o AllStrategy Plano e o AllStrategy Fluxo ajudam na adaptação ao IVA 

A implantação do IVA exige mais organização, rastreabilidade e precisão nos dados financeiros. Nesse cenário, o AllStrategy Plano e o AllStrategy Fluxo apoiam sua empresa garantindo conformidade fiscal e segurança em todo o processo. 

  • Estruturação e padronização dos dados: facilitação da apuração correta do imposto e dos créditos tributários. 
  • Integração entre orçamento e tesouraria: projeções e fluxos já alinhados aos impactos do novo imposto. 
  • Redução de riscos: automação dos processos e diminuição de inconsistências na transição. 
  • Transparência e governança: relatórios e indicadores que mostram o efeito no caixa e nos resultados. 
  • Preparação para auditorias: registros organizados e acessíveis para atender obrigações e revisões fiscais. 

Com as plataformas AllStrategy, sua empresa ganha segurança, eficiência e previsibilidade para navegar pelo novo sistema tributário. 

FAQ 

Como funciona o IVA? 

O IVA funciona como um imposto não cumulativo cobrado apenas sobre o valor agregado em cada etapa da cadeia produtiva. Ou seja, cada empresa paga imposto somente sobre o valor que acrescentou ao produto ou serviço e pode descontar os créditos tributários das etapas anteriores. 

Esse modelo elimina a tributação em cascata e torna o processo mais simples, transparente e previsível. 

O IVA substitui quais impostos? 

No Brasil, o IVA substituirá cinco tributos atuais: 

  • Federais: PIS, Cofins e IPI (integrados à CBS). 
  • Estaduais/Municipais: ICMS e ISS (absorvidos pelo IBS). 

Com a unificação, o sistema se torna mais racional e reduz conflitos entre legislações distintas. 

Quando o IVA começa a valer? 

A implementação do IVA será de forma gradual entre 2026 e 2033

  • 2026: início da fase de teste, com alíquotas simbólicas. 
  • 2027: CBS começa a valer de forma efetiva, extinguindo PIS e Cofins. 
  • 2029 a 2032: extinção progressiva de ICMS e ISS. 
  • 2033: IVA dual (CBS + IBS) totalmente implantado. 

Quem paga o IVA? 

O IVA é um imposto indireto: as empresas recolhem o tributo ao longo da cadeia produtiva e o consumidor paga o valor final embutido no preço de bens e serviços. As empresas funcionam como responsáveis pelo recolhimento, mas o ônus econômico recai sobre o consumidor final. 

O IVA vai aumentar a carga tributária? 

A proposta segue o princípio da neutralidade fiscal, ou seja, o objetivo é manter a mesma carga tributária total. A alíquota final será ajustada para que a arrecadação seja equivalente à dos impostos extintos. 

No entanto, o impacto pode variar entre setores e empresas conforme regimes especiais, créditos e mudanças operacionais. 

Qual é a taxa de IVA? 

A alíquota final ainda não está oficialmente definida. As estimativas do governo e do IPEA indicam que o brasileiro deve ficar entre 25% e 28%, somando CBS e IBS. 

O valor pode variar conforme a aplicação de regimes diferenciados e categorias específicas. 

IVA, CBS e IBS: qual a diferença? 

O IVA brasileiro será aplicado no modelo dual, sendo dividido em dois tributos: 

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): federal; substitui PIS, Cofins e parte do IPI. 
  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): estadual e municipal; substitui ICMS e ISS. 

Portanto, na prática, CBS + IBS formam o IVA, mantendo a autonomia dos entes federativos e garantindo um modelo padronizado em todo o país.