O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) é uma métrica contábil para a precificação de produtos na indústria. Ele considera os custos diretos associados à produção dos itens comercializados, como matéria-prima, mão de obra direta e insumos utilizados no processo produtivo.
No início de um negócio, é comum que a precificação não contemple todos os custos envolvidos, define-se apenas uma margem de lucro desejada e algumas despesas visíveis, como insumos e logística. No entanto, à medida que a empresa cresce, a maturidade financeira exige uma visão estratégica de custos e preços.
Por isso, empresas de médio e grande porte que não consideram adequadamente seus custos diretos correm sérios riscos de prejuízos e perda de competitividade. Afinal, precificar com inteligência significa ir além do “chute” e entender exatamente quanto custa produzir cada item.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa publicada em 2022 – com base em amostras de empresas brasileiras de capital aberto – analisou o comportamento do Custo dos Produtos Vendidos (CPV) e revelou que, em média, ele consome cerca de 70% da Receita Líquida de Vendas. Esse dado, portanto, evidencia a importância de uma precificação correta: conhecer e controlar o CPV é fundamental para garantir a saúde financeira da sua indústria.
O que você vai ver neste texto:
- O que é CPV?
- Diferença entre CPV e CMV
- Quais despesas devem estar no CPV?
- O impacto da métrica na DRE
- Qual é o papel do CPV na gestão do estoque?
- Como calcular o Custo de Produção Vendida
- A métrica de Custo de Produção Vendida na prática
- Com qual frequência devo acompanhar o CPV?
- Conclusão: O CPV é um instrumento de gestão estratégica
O que é CPV?
O Custo dos Produtos Vendidos representa o total de custos diretos relacionados à fabricação dos produtos vendidos pela empresa em um determinado período.
Entre os principais exemplos de itens que compõem essa métrica, podemos citar:
- Matéria-prima
- Mão de obra direta
- Insumos utilizados na produção
- Embalagens diretamente associadas ao produto
- Energia elétrica, quando mensurável por centro de custo
- Depreciação de máquinas utilizadas na produção
Diante disso, se eu te perguntasse agora quanto custa para fabricar seu produto, você saberia responder? Essa ferramenta ajuda a esclarecer essa questão e, além disso, permite identificar oportunidades de melhoria, evitar desvios e precificar com mais estratégia e segurança.
Diferença entre CPV e CMV
É comum confundir CPV com CMV, mas os dois conceitos se aplicam a modelos de negócio diferentes:
Primeiramente, o CPV (Custo dos Produtos Vendidos) é utilizado por empresas industriais que fabricam seus produtos. Baiscamente, ele considera os custos de produção, como matéria-prima, mão de obra direta e depreciação de máquinas.
Por outro lado, o CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) é utilizado por empresas comerciais, que compram produtos prontos para revenda. Nesse caso, considera o custo de aquisição das mercadorias.
Em resumo:
- Custo dos Produtos Vendidos = fabricação própria
- Custo das Mercadorias Vendidas = revenda
Quais despesas devem estar no CPV?
Nem todos os custos são óbvios no dia a dia. Ao calcular essa métrica, é fundamental considerar todos os custos diretamente ligados à produção, sendo os principais deles:
- Matéria-prima e insumos
- Mão de obra direta (funcionários da produção)
- Energia elétrica (quando aplicável à produção)
- Depreciação de máquinas e equipamentos produtivos
- Embalagens utilizadas no processo fabril
- Custo com estoque de produtos em processo
O impacto da métrica na DRE
O custo total dos produtos vendidos impacta diretamente o lucro bruto e, portanto, o desempenho financeiro da empresa. Veja como:
- Em primeiro lugar, há a redução do lucro bruto: quanto maior a métrica, menor o lucro bruto. Isso reduz a margem para despesas operacionais e, como resultado, compromete o resultado financeiro.
- Além disso, a margem bruta é afetada: o Custo de Mercadoria Vendida influencia a margem bruta percentual, que é um indicador essencial de eficiência produtiva.
- Por fim, o CPV serve como base para decisões estratégicas: entender essa métrica permite ajustar preços, negociar com fornecedores e otimizar processos produtivos de forma mais eficiente.
Qual é o papel do CPV na gestão do estoque?
Essa métrica também é uma ferramenta fundamental para o controle de estoques, por isso, ela ajuda a:
- Em primeiro lugar, determinar com precisão o valor dos produtos acabados
- Além disso, identificar gargalos e desperdícios na produção
- Com isso, é possivel ajustar os níveis de estoque com base na demanda real
- Por fim, reduzir perdas e custos operacionais
Como calcular o Custo de Produção Vendida
A forma mais tradicional de calcular é:
CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF
Em que:
Essa fórmula pode ser adaptada conforme o nível de detalhamento da contabilidade da empresa. Em ambientes industriais mais complexos, é comum detalhar ainda mais os custos diretos.
- CPV = Custo dos Produtos Vendidos
- EI = Estoque inicial
- In = Insumos (matérias-primas, materiais de embalagem e outros materiais)
- MO = mão de obra direta aplicada nos produtos vendidos
- GGF = Gastos gerais de fabricação (aluguéis, energia, depreciações, mão de obra indireta etc)
- EF = Estoque final (inventário final)
A métrica de Custo de Produção Vendida na prática
Imagine que, no início do mês, sua empresa tinha R$ 10.000 em estoque de produtos acabados. Durante o mês, você gastou:
- R$ 22.000 em mão de obra direta
- R$ 6.000 em matéria-prima
- R$ 4.000 em custos indiretos alocados à produção
Ao final do mês, o estoque final de produtos acabados era, portanto, de R$ 30.000.
Aplicando a fórmula:
Custo de Produção Vendida = 10.000 + (22.000 + 6.000 + 4.000) – 30.000
CPV = 10.000 + 32.000 – 30.000
CPV = R$ 12.000
Em outras palavras, esse valor mostra quanto efetivamente foi o custo dos produtos que saíram do estoque para venda. Um número mais baixo, nesse caso, indica que houve acúmulo de produção em andamento, e menos produtos foram finalizados para venda.
Com qual frequência devo acompanhar o CPV?
A frequência ideal depende do porte e da complexidade da sua operação, mas monitorar essa métrica periodicamente — mensal ou trimestralmente — é essencial para:
- Em primeiro lugar, controlar custos produtivos
- Além disso, otimizar o planejamento de compras e estoques
- Comisso, é possível definir preços mais competitivos e rentáveis
- Por fim, aumentar a eficiência financeira do negócio
Conclusão: O CPV é um instrumento de gestão estratégica
O CPV, portanto, é muito mais que uma métrica contábil: é um instrumento de gestão estratégica para qualquer empresa industrial que deseja crescer com rentabilidade. Afinal, ignorar seus custos diretos ou precificar sem base sólida pode comprometer os lucros e até a sustentabilidade do negócio.
Se você deseja tomar decisões mais seguras e aumentar sua margem de lucro, então comece agora a monitorar o Custo de Produção Vendida com atenção.
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